Cometa Leonard já está visível em céus brasileiros: como localizá-lo no Stellarium Web

O Cometa C/2021 A1 (Leonard) já pode ser visto logo antes do nascer do Sol nos céus das regiões Norte e Nordeste do Brasil!

Nesse post, mostramos como utilizar o Stellarium Web (versão para navegador do simulador de céu Stellarium: https://stellarium-web.org/) para descobrir o melhor horário para observar o cometa da sua cidade.

Ao entrar no site, caso o Stellarium Web não encontre sua localização automaticamente, clique no botão inferior esquerdo para definir sua região no mapa. O botão da direita inferior abre os controles de data e horário.

Na madrugada de 06/12/2021, o cometa Leonard aparecerá no horizonte leste pouco antes do nascer do Sol, próximo à estrela Arcturus (é uma estrela bastante brilhante que você pode utilizar para se localizar no Stellarium e no céu).

Cometa Leonard no Stellarium Web: https://stellarium-web.org/skysource/Arcturus?fov=37.208&date=2021-12-06T07:10:07Z&lat=-10.18&lng=-48.33&elev=0

Assim que encontrá-lo, você pode selecionar o cometa com o mouse. O Stellarium Web abrirá uma janela à esquerda com as informações sobre visibilidade:

  • Magnitude: É o brilho aparente do cometa. Quanto menor o número, mais brilhante ele aparece no céu. Magnitude 6 é o limite de visão do olho humano em lugares livres de poluição luminosa.
  • Distance: Distância do cometa Leonard até a Terra em unidades astronômicas (1 AU é a distância média do Sol até a Terra).
  • Visibility: Período que o cometa permanece acima do horizonte da sua localização. Rise é a hora em que ele nasce no horizonte leste, e Set é a hora que ele se põe no horizonte oeste.

Quer saber mais sobre o Leonard e outros cometas? No dia 07/12/2021, terça-feira, às 20h estaremos ao vivo com o dr. Pedro Bernardinelli, descobridor do cometa gigante C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein) falando sobre esses objetos vindos dos confins do Sistema Solar! Ativa o lembrete: https://www.youtube.com/watch?v=UvXhNCFXw_c

Veja também:

Cometa Leonard chega aos céus brasileiros

O brilho do aguardado cometa C/2021 A1 (Leonard) segue escalando, nos levando a crer que ele de fato vai entregar todo o espetáculo que vem prometendo para a última quinzena de 2021.

Cometa C/2021 A1 (Leonard) fotografado em Alcântara (MA) na madrugada de 2 de dezembro de 2021 na direção da constalação de Canes Venatici. O aglomerado globular M3 também aparece no campo.
(Wandeclayt M./@ceuprofundo)

Na madrugada de 2 de dezembro capturamos o que pode ser a primeira imagem do Leonard feita em solo brasileiro. O cometa aparece na direção da constelação de Canes Venatici (Cães de Caça) e foi registrado com câmera DSLR numa montagem motorizada Star Adventurer 2i numa exposição de 10s, ISO 800 com objetiva 85mm f/1.5 em uma rara brecha entre as nuvens em Alcântara, no Maranhão.

E dá pra confiar?

Cometas se comportam de maneira surpreendente e imprevisível. Podem sofrer aumentos abruptos de brilho ou podem se fragmentar e desaparecer rapidamente. Mas o Leonard tem se mantido bem comportado. A sequência de imagens abaixo (capturadas pela nossa equipe utilizando telescópios remotos em 8 de novembro e 1º de dezembro) mostra a clara evolução do Leonard, com o desenvolvimento da cauda e da cabeleira e o nítido aumento de brilho. As imagens foram realizadas com o mesmo instrumento e representam o mesmo campo do céu.

Cometa Leonard em 08/11/2021, observado com telescópio remoto de 43 cm [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Cometa Leonard em 01/12/2021, observado com telescópio remoto de 43 cm [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Ao contrário do cometa C/2020 F3 NEOWISE, que em julho de 2020 privilegiou observadores no hemisfério norte, o cometa Leonard se aproxima de seu periélio no dia 3 de janeiro de 2022 em uma trajetória que favorece observadores ao sul da linha do equador. Além disso a posição relativa entre a Terra, o cometa e o Sol potencializa o efeito de espalhamento da luz solar na cauda de poeira podendo torná-lo ainda mais brilhante, a depender da quantidade de poeira liberada pelo núcleo.

Vale lembrar que o cometa é essencialmente uma grande massa de gelo sujo e que a sublimação desse gelo (a passagem direta do estado sólido para o gasoso) forma a cabeleira e a cauda características dos cometas. A presença de gás ionizado e poeira dá origem a duas caudas distintas: a cauda iônica, com brilho verde azulado, e a cauda de poeira, que nos parece amarelada, refletindo e espalhando a luz do Sol. As caudas são sopradas pelo Sol e por isso apontam sempre na direção oposta à nossa estrela. Ao se afastar do Sol a cauda segue à frente do cometa.

O brilho que observamos tem então duas componentes principais: luz emitida pelo plasma (gás ionizado) e luz refletida pela poeira. A luz refletida pela superfície do núcleo conta pouco, já que o núcleo mede apenas alguns quilômetros, enquanto a cabeleira (coma) mede dezenas de milhares de quilômetros mas podendo atingir diâmetros comparáveis ao do Sol (mais de 1 milhão de quilômetros).

Os dados de fotometria mais recentes indicam que o cometa Leonard está no limiar da visibilidade a olho nu, com magnitude estimada em 6.3 em observação realizada no Observatório Mount Lemmon (por Kacper Wierzchos) e seguindo a tendência apontada por outros observadores, de acordo com os dados publicados no portal COBS [https://cobs.si/analysis]

E quando vamos poder vê-lo?

O brilho do cometa não é a única variável importante aqui. Sua elevação acima do horizonte afeta nossa percepção, e A POLUIÇÃO LUMINOSA é outro grande inimigo da observação de objetos astronômicos de brilho tênue como os cometas. Quando dizemos que podemos observar objetos com magnitude mais brilhante que 6, estamos falando de observadores em céus escuros, longe do excesso de iluminação dos centros urbanos e observando em um ambiente onde a iluminação local não interfira na adaptação visual. Então, mesmo que você se desloque para uma área rural, nada de observar sob postes, ou nas proximidades de refletores e holofotes que possam ser vistos diretamente. Também evite olhar para telas de dispositivos eletrônicos. Nestas condições ideais – sem poluição luminosa e com a vista adaptada ao escuro – não apenas a experiência de observação do cometa é potencializada, mas também muitos objetos de céu profundo como nebulosas, galáxias e aglomerados estelares se tornam visíveis a olho nu.

Na primeira semana de dezembro o cometa segue baixo no horizonte leste ao nascer do Sol, podendo ser fotografado ou observado com pequenos instrumentos, mas ainda não a olho nu. Para observá-lo com seus próprios olhos, recomendamos que a partir do dia 17 de dezembro, 1 hora após o pôr do Sol, o cometa seja procurado sobre o horizonte oeste. Binóculos são o instrumento ideal para essa observação, permitindo a observação de um grande campo e não apenas de uma pequena região ao redor do cometa.

Em nossas redes sociais temos atualizações diárias da posição e brilho do C/2021 A1 Leonard e mapas e dicas de observação. Então se ainda não nos segue, corre lá pra não perder nenhum detalhe da visita do Leonard ao nosso cantinho no Sistema Solar:

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Youtube: www.youtube.com/ceuprofundo

Agenda Astronômica: dezembro de 2021

Dezembro é mês de espetáculo nos céus! Teremos conjunções, alinhamento, eclipse solar, a maior chuva de meteoros do ano, Solstício de Verão, belas constelações e o cometa Leonard – confira nosso post especial sobre ele aqui.

Os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno estão visíveis ao longo do mês produzindo conjunções com a Lua e entre si – listadas no quadro abaixo.

O alinhamento é um show à parte: até o Natal os planetas Vênus, Saturno e Júpiter aparentam estar mais próximos no céu ao longo da linha da eclíptica, podendo ser observados “alinhados” no oeste ao anoitecer. No início do mês, entre os dias 05 e 10, a Lua crescente passeia entre eles, participando do alinhamento e fazendo conjunções (listadas no quadro). Entre os dias 27 e 29 de dezembro Vênus e Mercúrio se encontram e trocam de lugar, ou seja, nos dias 30 e 31 a tríade é Mercúrio, Saturno e Júpiter. A diversão é observar todos os dias e acompanhar as mudanças!

E o eclipse? Sim, teremos um eclipse solar na madrugada do dia 04 – mas ele só será visível da Antártida e de algumas regiões do sul da América do Sul, da África e da Austrália… Ou seja, vamos observar através de lives no YouTube (como a da NASA). A Lua começa a entrar na frente do Sol às 02h29 no horário de Brasília e a totalidade deve acontecer às 04h33, com duração de apenas 1 minuto e 54 segundos. 

Na madrugada do dia 14 temos atividade máxima da chuva de meteoros Geminídeos, que tem esse nome pois os meteoros parecem “surgir” (radiante) na constelação de Gêmeos. A Geminídeos acontece quando a terra cruza o rastro de detritos deixados pelo asteróide 3200 Phaethon. Embora seja a chuva de meteoros de maior visibilidade que temos ao longo do ano, podendo gerar até 150 meteoros por hora, precisamos de condições propícias pra aproveitar a observação: céus limpos e sem a luz ofuscante daLua. Em relação às nuvens só nos resta torcer, mas a Lua vai dar uma ajudinha mesmo estando em plena fase crescente: ela se poe às 02h da manhã, quando o radiante da chuva está subindo, ou seja, quem ficar acordado vai ter chance de observar um espetáculo!

Às 12h59 do dia 21 acontce o Solstício de Verão, momento em que a posição astronômica do nosso planeta determina o início da estação aqui no Hemisfério Sul. Vai ser o “dia mais longo do ano”, ou seja, o dia com maior período de insolação de 2021.

Não podemos esquecer das constelações de verão: a simbólica Órion e suas três Marias, Betelgeuse e Nebulosa de Órion; Cão Maior com Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno; Touro com seu olho Aldebaran e os aglomerados estelares abertos Híades e Plêiades; Gêmeos com as estrelas castor e Pollux; e Carina com a estrela Canopus e a Nebulosa da Carina. Todas elas podem ser observadas nas primeiras horas da noite, adentrando a madrugada.

E o cometa Leonard? Esse merece um post só dele, com atualizações constantes e imagens exclusivas registradas pela nossa equipe. Confira aqui!

DIAEVENTO
01, 02, 03Lua cinérea da Lua ao amanhecer
02Conjunção entre Lua e Marte ao amanhecer
04Lua nova – Eclipse solar (não visível do Brasil)
05, 06, 07, 08, 09Lua cinérea da Lua ao anoitecer
06 Conjunção entre Lua e Vênus ao anoitecer
07Máxima atividade da chuva de meteoros Pupídeo-Velídeos
07Conjunção entre Lua e Saturno ao anoitecer
08Conjunção entre Lua e Júpiter ao anoitecer
10Lua no quarto crescente
14Máxima atividade da chuva de meteoros Geminídeos
19Lua cheia
21Solstício de verão às 12:59 (Horário de Brasília)
26Lua em quarto minguante
27, 28, 29Conjunção entre Mercúrio e Vênus ao anoitecer
29, 30Luz cinérea da Lua ao amanhecer
31Conjunção entre Lua, Marte e Antares ao amanhecer

Como sempre indicamos o software Stellarium (gratuito para computador ou na versão web) para simular e visualizar todos esses fenômenos no céu a partir da sua localização.

Céus limpos e escuros pra todos nós! Boas observações!

Cometa C/2021 A1 (Leonard) – Você vê primeiro aqui!

C/2021 A1 Leonard

Primeiro uma GRANDE ADVERTÊNCIA: cometas podem contradizer completamente as previsões. Podem se fragmentar, podem sublimar numa taxa diferente da esperada, podem conter mais ou menos poeira… e tudo isso influi no brilho que observamos aqui da Terra, então é sempre bom conservar certa cautela quanto às previsões mais otimistas de observabilidade do cometa.

Cometa Leonard imageado pela equipe do projeto Céu Profundo em 08 de novembro de 2021, através de telescópio remoto no Novo México (EUA).

Como sua designação C/2021 A1 revela, o cometa Leonard foi o primeiro cometa descoberto na primeira quinzena do ano de 2021, e ao longo de todo ano – seguindo sua jornada desde os confins do Sistema Solar – ele tem apresentado um bom comportamento, alimentando as esperanças de que, quase um ano após a sua descoberta, ele se torne visível a olho nu. E melhor ainda: privilegiando observadores no hemisfério sul, que perderam a melhor parte do espetáculo do cometa NEOWISE em 2020.

O deslocamento do cometa Leonard em relação às estrelas do fundo registrado em imagens capturadas com um intervalo de 25 minutos no dia 28/11 [Wandeclayt M./Céu Profundo]

Temos acompanhado a evolução do C/2021 A1 desde outubro através de telescópios remotos no observatório New Mexico Skies e estamos felizes com o comportamento do astro visitante! Cabeleira e cauda já se mostram evidentes e a curva de luz construída a partir da magnitude reportada pelos observadores da Comet Observation Database mostra que o seu brilho segue prometendo um espetáculo nas semanas anteriores ao periélio.

Curva de Luz do cometa C/2021 A1 (Leonard) a partir de dados de observação até o dia 28/11 (https://cobs.si/analysis). O eixo horizontal indica a data, enquanto o eixo vertical indica o brilho aparente do cometa (quanto mais alto o ponto no gráfico, maior o brilho). A curva laranja é uma projeção da evolução do brilho do cometa a partir das observações já realizadas.

QUANDO OBSERVAR?

Com magnitude abaixo de 10, Leonard já é um alvo ao alcance de telescópios amadores de médio porte desde o início de novembro, mas o grande espetáculo, caso as previsões se confirmem, fica para a última quinzena de dezembro, pouco antes do cometa atingir o periélio em 3 de janeiro.

O diagrama abaixo mostra a trajetória hiberbólica do cometa Leonard conforme computada pelo NASA Jet Propulsion Laboratory (JPL), no qual podemos ver a grande inclinação de sua órbita (mais de 132º em relação à eclíptica – o plano da órbita terrestre). O cometa se aproxima do plano orbital da Terra pelo norte, mas atinge o periélio ao sul da eclíptica, favorecendo a observação a partir do Hemisfério Sul!

Imagem em cores mostrando a posição do Sol, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e cometa Leonard no espaço, como se estivéssemos vendo o Sistema Solar de fora. Há círculos mostrando as órbitas dos planetas, todos aproximadamente no mesmo plano. A órbita do cometa Leonard forma uma hipérbole bastante inclinada para cima em relação às órbitas dos planetas.
Visualização da órbita do cometa C/2021 A1 (Leonard) com sua posição no dia 19/12/2021. [https://ssd.jpl.nasa.gov/tools/sbdb_lookup.html#/?sstr=2021A1&view=VOPC]

Vários fatores se combinam para determinar quando teremos a melhor visão do Leonard: a quantidade de poeira e gás liberados pela sublimação do núcleo que formarão a cabeleira e a cauda quando ele se aproximar do Sol, a distância do cometa à Terra e ao Sol, e a elevação do cometa acima do horizonte após o pôr do Sol. Mais poeira significa que mais luz do Sol pode ser refletida e espalhada. Mais gás também significa que teremos cabelera e cauda iônica mais exuberantes. E tudo isso precisa ficar acima do horizonte após o anoitecer. Somando tudo isso, a segunda quinzena de dezembro é o período de ouro para buscarmos o Leonard em nossos céus.

E COMO ENCONTRAR?

Para os mais familiarizados com as cartas celestes, o diagrama abaixo, disponibilizado pelo site in-the-sky.org, é o guia perfeito para localizar e observar o grande (assim esperamos) cometa de 2021. Visite o site e baixe outras opções de visualização da carta de localização.

Mapa celeste em cores. Mostra o mapa das constelações do céu e a trajetória do cometa Leonard entre as constelações.
Mapa de localização do cometa C/2021 A1 (Leonard). [Domic Ford / https://in-the-sky.org/findercharts2.php?type=2&id0=P2&id1=A2&id2=CK21A010 ]

Mas você não precisa ser versado na leitura do céu para encontrar o astro mais esperado do ano. Na segunda quizena de dezembro, durante seu período de maior brilho, o cometa Leonard estará posicionado nas mesma região do céu em que encontraremos os planetas mais brilhantes que podemservir de referência para os observadores menos experientes.
Confira nas imagens abaixo o diagrama que corresponda à cidade mais próxima de sua latitude. Os diagramas mostram a conjunção entre o cometa Leonard e o planeta Vênus, no entardecer do dia 18/12 quando já se espera que o objeto seja visível a olho nu. Mas lembre-se: o cometa seguirá brilhante até o fim de dezembro e publicaremos novos mapas com mais datas e localidades, por isso não deixe de conferir o site nem de nos seguir nas redes sociais: www.twitter.com/ceuprofundo e www.instagram.com/ceuprofundo para dicas de última hora. Nos acompanhe também no www.youtube.com/ceuprofundo onde damos dicas de observação e de utilização de softwares como o Stellarium, que utilizamos aqui para gerar os mapas de visualização.

Porto Alegre

Curitiba

São Paulo

Brasília

Recife

Fortaleza

Manaus

São Luis

Eclipse lunar de 19 de novembro de 2021

Em 19 de novembro de 2021 teremos o eclipse lunar parcial mais longo em quase 600 anos, mas infelizmente ele será pouco visível no Brasil.

Um eclipse lunar ocorre quando a Lua atravessa a sombra projetada pela Terra no espaço. A sombra é dividida em duas regiões: penumbra (borda menos escura da sombra) e umbra (região mais escura e central).

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/7c/Eclipse_lunar.svg/640px-Eclipse_lunar.svg.png
Esquema mostrando as regiões da sombra projetada pela Terra.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eclipse_lunar.svg

Por conta disso os = eclipses lunares são classificados em penumbral (quando a Lua atravessa a penumbra – posição 2 no desenho abaixo), parcial (quando parte da Lua atravessa a umbra – posição 3) e total (quando toda a Lua atravessa a umbra – posição 4).

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1a/Passagem_nodo_descendente.svg/640px-Passagem_nodo_descendente.svg.png
Tipos de eclipse lunar. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Passagem_nodo_descendente.svg

No dia 19, parte da Lua atravessará a penumbra e, em seguida, a umbra. Portanto, teremos uma fase penumbral, que praticamente não dá pra notar a olho nu, e em seguida um eclipse parcial.

Apesar de ser o mais longo eclipse parcial lunar em séculos a maior parte do Brasil acompanhará apenas o início do eclipse, já que a Lua já vai ter se posto no horizonte quando o fenômeno atingir seu ponto máximo.

Mapa da visibilidade do eclipse: quanto mais escura a região, melhor a visibilidade. A maior parte do Brasil verá apenas parte do eclipse parcial.

A fase penumbral será visível em praticamente todo o Brasil (ou pelo menos onde as condições climáticas forem favoráveis), começando às 3:02 da manhã (horário de Brasília), quando a Lua começa a adentrar a região da penumbra.

Esta etapa do eclipse é bastante sutil, observadores mais acostumados podem perceber a Lua um pouco escurecida em relação à Lua Cheia comum. A imagem abaixo mostra uma comparação entre a Lua Cheia antes do eclipse (esquerda) e durante um eclipse penumbral (direita).

Comparação entre a Lua cheia antes do eclipse (esquerda) e durante um eclipse penumbral (direita).
Crédito: Fred Spenak https://www.mreclipse.com/

Às 4:18 (horário de Brasília) a Lua começa a entrar na região da umbra, dando início ao eclipse parcial, visível de praticamente todo o território brasileiro. O ponto máximo acontece às 6:02 e será visível em regiões do Norte e Centro-Oeste do Brasil, e ainda estará acontecendo quando a Lua desaparecer no horizonte oeste.

Selecionamos algumas capitais localizadas em diversas longitudes para mostrar a visibilidade do eclipse pelo país. Para verificar horários, visibilidade e aspecto do eclipse em sua localização digite o nome da sua cidade no campo “Eclipse lookup” da página dedicada ao eclipse no site Time and Date: https://www.timeanddate.com/eclipse/lunar/2021-november-19.

Visibilidade do eclipse lunar parcial em algumas cidades brasileiras.

Não desanime e marque na agenda!

Em 15 de maio de 2022 haverá um eclipse total da Lua, e o Brasil INTEIRO está na melhor posição de visibilidade do evento!

Visibilidade do eclipse lunar total de 15 de maio de 2022. Quanto mais escura a área, maior a visibilidade do eclipse. Fonte: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-may-16?n=550

Boa observação a todos!

Agenda Astronômica: Outubro/2021

O Céu de outubro

O céu de outubro de 2021 é marcado pela presença de 4 planetas visíveis a olho nu: Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno. A constelação de Escorpião começa a se pôr cada vez mais cedo, dando espaço para Órion (você deve conhecer uma parte dela como “3 Marias”), a constelação símbolo do verão no hemisfério Sul.

Ao percorrer o céu ao longo do mês, a Lua pode ser utilizada como um guia para indicar a localização dos planetas (dias 13, 14 e 15) e da constelação de Escorpião (dia 16).

DIAEVENTO
06Lua Nova
09Conjunção entre Lua (com luz cinérea!) e Vênus
[Visível ao anoitecer no lado oeste]
13Lua em Quarto Crescente
13, 14, 15Lua próxima de Júpiter e Saturno
16Conjunção entre Vênus e Antares (Escorpião)
[Visível ao anoitecer no oeste]
20Lua Cheia
25Conjunção entre Vênus e Antares (Escorpião)
[Visível ao anoitecer no oeste]
28Lua em Quarto Minguante
29Vênus em altura máxima no céu
[Visível durante o anoitecer no lado oeste]

A dica é utilizar o aplicativo Stellarium (gratuito para computador ou na versão web) para visualizar o aspecto do céu a partir da sua localização nas datas dos eventos que pretende acompanhar 🙂

Agenda Astronômica: Efemérides de Abril

Fases da Lua

FaseDia – Hora
Cheia28/03 – 15:48
Minguante04/04 – 07:02
Nova11/04 – 23:30
Crescente20/04 – 03:58
Cheia27/04 – 00:31
Fases da Lua para o mês de Abril/2021.

Calendário de Eventos – Abril/2021

1
2
3
4Lua Minguante
5
6Lua 4º ao Sul de Saturno (Visível no horizonte leste antes do amanhecer)
7Lua 4º ao Sul de Júpiter (Visível no horizonte leste antes do amanhecer)
8
9
10
11Lua Nova
12
13
14Lua no Apogeu (406 139 km)
15
16
17Lua 4º a nordeste de Marte ao anoitecer (horizonte oeste)
18
19
20Lua Crescente
21Pico da chuva de meteoros Lirídeos. Taxa horária zenital: 18 meteoros.
22
23
24
25
26
27Lua Cheia
Lua no Perigeu (357 373 km)
28
29Lua 5º ao norte de Antares (alfa do Escorpião)
30

Câmera mais moderna do Telescópio Espacial Hubble volta a operar.

Telescópio Espacial Hubble após a missão de serviço SM-4 em 2009.

Notícia ansiosamente esperada pela comunidade astronômica: o Space Telescope Science Institute (STScI) informou em nota nesta segunda (15/03) que o instrumento Wide Field Camera 3 (WFC3) no Telescópio Espacial Hubble foi religada na noite do sábado 13/03 .

A WFC3 é o instrumento de imagem mais moderno em operação no Telescópio Hubble, instalado em sua última missão de manutenção e modernização no ano de 2009. A WFC3 combina dois detectores independentes, o UVIS, com sensibilidade do ultravioleta ao infravermelho próximo na faixa entre 200 e 1000nm, e o IR, sensível ao infravermelho na faixa entre 800 e 1700nm. Gerando imagens de até 4k x 4k pixels com o detector UVIS e de até 1k x 1k pixels no IR.

Estrutura interna da câmera WFC3 com com o caminho óptico até seus dois detectores: UVIS (caminho em azul) e IR (caminho em vermelho). [Crédito: Dressel, L., 2021. “Wide Field Camera 3 Instrument Handbook, Version 13.0” (Baltimore: STScI)]

O desligamento do instrumento ocorreu como parte dos procedimentos para entrada do observatório no modo de segurança após a detecção de uma falha de software no computador de voo principal do Hubble.

Durante a volta às operações na quinta 11/03, uma voltagem abaixo do nominal detectada no monitoramento de uma fonte de tensão da WFC3 disparou um alarme interno que impediu o religamento do instrumento.

Análises mostraram que os níveis de tensão das fontes da WFC3 caíram em função da degradação esperada em seus circuitos eletrônicos (a WFC3 foi instalada no Hubble em 2009) . O desligamento dos circuitos para a entrada no modo de segurança causou o resfriamento dos componentes. Este fator, unido à potência mais alta requerida para reiniciar o instrumento contribuíram para a flutuação de tensão que impediu o religamento do equipamento. A engenharia do Hubble concluiu que era seguro reduzir os limites para o desligamento automático do instrumento e religar a WFC3 no modo científico.

Antes de voltar a coletar dados científicos, a WFC3 passará por procedimentos de calibração e rotinas pré observacionais. Em seguida, a poderosa câmera retornará à sua agenda científica, coletando dados e ajudando a expandir nossa compreensão do universo.

Como Escolher um Telescópio

A aquisição mais procurada por entusiastas da observação do céu é definitivamente o primeiro telescópio. Instrumentos ópticos de qualidade infelizmente não são tão baratos, e não é raro que a frustração em mexer em um telescópio desnecessariamente complicado para um iniciante acabe o transformando num cabide de roupa no meio da sala. Por isso, escrevemos um guia para ajudar nos detalhes que precisam ser considerados ao se adquirir sem arrependimentos o primeiro telescópio, com dicas de fabricantes nacionais:

Primeira regra de ouro: aprenda o céu da sua região! Quanto mais você souber sobre os objetos que quer e pode ver, mais informação terá para auxiliar na escolha do modelo ideal. Aplicativos gratuitos de cartas celestes e simulação do céu: Stellarium, Carta Celeste, Sky Map. Para conferir a poluição luminosa da sua região: https://www.lightpollutionmap.info/. Além disso, observe se há muitas obstruções no horizonte como prédios e montanhas.

Captura de tela do aplicativo Stellarium.

Informe-se MUITO sobre os tipos de telescópios amadores e como funcionam. Você descobrirá que existem diversos modelos e a partir daí pode começar a refinar a sua procura de acordo com seu orçamento, necessidades e limitações. Já fizemos um post sobre os tipos de telescópios aqui: http://ceuprofundo.com/2020/12/31/conhecendo-os-tipos-de-telescopio/

Which Telescope Is Better: A Reflector Or Refractor?
Alguns tipos de telescópios. (Fonte: Astronomy Trek)

Há outras questões além do céu que devem ser consideradas, como se o telescópio precisa ser leve e prático para ser transportado (a casa tem escadas, por exemplo?) e quanto espaço há disponível para observação e para guardar o equipamento.

Binóculos são uma excelente opção para começar a prática da observação. Possuem preços mais acessíveis e são de fácil manuseio, permitindo que a observação e o estudo do céu sejam suas únicas preocupações no início.

“Até onde esse telescópio vê?”

O telescópio não trabalha com limites de distância, mas sim de brilho. Quanto mais brilhante o objeto aparece no céu, mais nítida será a imagem dele. Há objetos na nossa própria galáxia mais difíceis de observar do que outras galáxias.

Pense no telescópio como um balde de coletar luz para os nossos olhos. Quanto maior for o diâmetro do telescópio, mais luz ele captura e, consequentemente, mais definição e objetos menos brilhantes é possível ver com ele. O pessoal do DeepSkyWatch fez uma comparação muito boa entre os objetos vistos por diferentes telescópios e céus: http://www.deepskywatch.com/Articles/what-can-i-see-through-telescope.html.

Um dos recursos do Stellarium é a simulação de telescópios, no menu superior direito, com o qual é possível ter uma ideia de como um objeto aparece na imagem de acordo com as configurações do telescópio que você estiver considerando adquirir.

Captura do programa Stellarium. A opção de simulação de telescópios está circulada em vermelho.
Simulação do Aglomerado da Borboleta visto por um telescópio de 254mm de diâmetro e 1130mm de distância focal, com uma ocular de 25mm.

Além da imagem

O telescópio é composto por diversas partes. Uma delas é a montagem, a parte do telescópio que fica encaixada entre o tubo e o tripé – ela não é soldada, o que significa que você pode trocá-la por outra a qualquer momento.

No modelo azimutal, o telescópio fica livre para se movimentar para todos os lados, não tem segredo. O modelo equatorial tem vantagens, mas com um preço: é mais robusta de se manuear e tem movimentação mais trabalhosa.

Claro que todo mundo tem capacidade de aprender a usar a montagem equatorial! Mas se você for iniciante, talvez queira investir mais tempo explorando o céu do que se preocupando com montagens robustas e caras que talvez sejam desnecessárias para você no início. Recomenda-se começar com a mais simples (azimutal) e substitui-la no futuro caso seja uma necessidade do observador.

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Exemplos de montagens de telescópios.

Todo telescópio precisa de pelo menos uma ocular. Preste atenção se o telescópio já vem com uma ou se é vendida separadamente. São facilmente intercambiáveis e podem ser compradas em kit ou avulsas a qualquer momento. Não precisa comprar um lote inteiro de cara sem saber se são compatíveis com padrão do telescópio e se serão úteis para você.

Diferentes oculares. (Fonte: Wikipedia)

“Qual o aumento desse telescópio?”

A rigor, o telescópio aumenta o quanto você quiser. PORÉM, quanto maior o aumento, menor será a nitidez e qualidade da imagem. O termo utilizado é AUMENTO ÚTIL, que significa o quanto é possível aumentar a imagem sem que ela perca muita qualidade. Para calcular o aumento útil, multiplique o diâmetro do telescópio por 2.

O aumento depende também da ocular, e a conta é simples: distância focal do telescópio dividida pela distância focal da ocular. Sempre faça essa conta antes de comprar uma ocular. Se o resultado for maior que o aumento útil, há grande chance de se frustrar.

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Exemplo de diferentes aumentos e cálculo da magnificação. (Crédito: André Luiz da Silva)

No nosso exemplo do Aglomerado da Borboleta, temos um aumento de 1130mm/25mm = 45,2x.

CUIDADO com anúncios que prometem demais: “aumenta até 400x, 500x, 1000x!”. Se vir esse tipo de sensacionalismo, ligue o desconfiômetro na mesma hora. Anúncios ideais não prometem imagens perfeitas e mostram todas as especificações do telescópio sem rodeios.

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Marcas com boa qualidade e sem enganação com o consumidor: Celestron, Sky-Watcher, Orion, Meade, GSO.

Hoje, temos excelentes fabricantes brasileiros(!!!): Dario Pires, Sebastião Santiago Filho, Sandro Coletti, Rodolfo Langhi, Telescópios Matão. Os telescópios desses fabricantes são tão bons quanto os importados, e duram anos se você cuidar deles com carinho e do modo adequado.

Hubble volta a operar, mas com restrições.

Uma falha numa atualização de software, implementada para compensar flutuações no desempenho dos giroscópios e garantir maior estabilidade ao telescópio espacial, colocou o Hubble em modo de segurança no domingo (07/03). As operações foram retomadas na quinta (11/03), mas um de seus principais instrumentos, a WFC3 (Wide Field Camera 3), segue fora de serviço devido a um nível de tensão abaixo do nominal em seus circuitos.

Telescópio espacial Hubble e seus componentes [NASA/STScI]


Outra falha oportunamente descoberta foi um travamento do motor de acionamento da tampa de proteção frontal do telescópio, que deve se fechar caso o telescópio seja apontado na direção do Sol, evitando danos aos componentes ópticos e circuitos eletrônicos. Testes conduzidos pela equipe de solo mostraram que o motor reserva funciona normalmente e este assume agora a função de atuador primário da tampa.

Aguardamos ansiosos pela solução da pane na WFC3. E enquanto isso seguimos utilizando imagens de arquivo do Hubble em nossas oficinas de imagens astronômicas todas as quintas feiras na www.twitch.tv/ceuprofundo sempre a partir das 20h.

Nebulosa M57 – A Nebulosa do Anel. Imagem composta com dados do telescópio espacial Hubble [NASA/STScI – Wandeclayt Melo/Ceu Profundo]